Ela segue mais uma noite sem se alimentar. Pacientemente estira-se pela relva, subindo pelo tronco onde começará a tecer. Precisa iniciar a fazer o casulo para postar neste local os ovos, da sua ninhada. Mas a fome é grande.
— Nesta noite terá sorte e conseguirá ficar intacta a noite inteira no tronco de árvore?
— Nenhum morcego, ou outro importuno, destruirá o seu trabalho meticuloso?
Ainda é tarde. O anoitecer com suas mariposas, grilos e moscas é a esperança do alimento farto. E começa a tecelagem. Fio a fio sai fino e espesso do corpo da árdua trabalhadora. A forma esférica é perfeitamente traçada, antes do anoitecer. Com o tempo toma forma. O desenho bem trançado, de uma armadilha perspicaz.
Agora só resta esperar.
Esperar.
No meu radar posso pressentir qualquer movimento. Enquanto isto vou criando o meu casulo. Minha ninhada precisará nascer. E esta perto o momento da desova. Sinto um balançar no fio fino da minha seda bem trançada.
— Tão cedo?
Com que sorte vou passar esta noite? Por certo alimentada.
— Um gafanhoto? Alimento apetitoso. Preciso deixa-lo se retorcer melhor, o próprio desespero desta vítima será a sua desgraça!
Pronto! Entro em ação enrolando-o com as minhas meticulosas patas em um casulo sufocante, para enfim sugar o seu néctar, a seiva do meu alimento. Uma, duas, três... Muitas voltas, e finalmente ficará bem compactado.
Agora só resta morrer aos poucos. Enquanto isto, terei o alimento que preciso para eclodir no meu casulo os ovos da minha postagem.
Alguns dias se passaram, a mãe aranha com toda a paciência do mundo espera nascer as pequenas aranhas. Que precisam de alimento para sobreviver num ambiente tão hostil.
Demora um pouco mas nascem. Uma a uma, e se achegam a mamãe altruísta. A mordem. Sugando o néctar que será sua seiva nutritiva para poder sobreviver.
O sacrifício é válido.
Uma morrerá para que várias sobrevivam. Depois de crescidas elas vão para o seu caminho incerto da mata. Tecer suas armadilhas, amadurecer, procriar, eclodir e num final o último ato, o do sacrifício, em prol da própria existência da sua prole.
Recadinho do Autor:
Este conto faz parte da minha coletânea de contos infantis que se encontra todos aqui no recanto das letras. Leia procurando no meu perfil.
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