O Livro de Jó ou Job é um dos livros sapienciais do Antigo Testamento e da Tanakh, vem depois do Livro de Ester e antes do Livro de Salmos. É considerada a obra prima da literatura do movimento de Sabedoria. Também é considerada uma das mais belas histórias de prova e fé. Conta a história de Jó, onde o livro mostra que era um homem temente a Deus e o agradava.
As inúmeras exegeses presentes neste livro são tentativas clássicas para conciliar a coexistência do mal e de Deus (teodiceia). A época em que se desenrolam os fatos, ou quando este livro foi redigido, é controverso. Existe uma famosa discussão no Talmud a este respeito.
A autoria de Jó é incerta. Alguns eruditos atribuem o livro a Moisés. Outros atribuem a um dos antigos sábios, cujos escritos podem se encontrados em Provérbios ou Eclesiastes. Talvez o próprio Salomão tenha sido seu autor. O livro de Jó também é considerado o livro mais antigo da Bíblia, mais até que o livro de Gênesis.
Por outro lado, a Edição Pastoral da Bíblia sustenta que o livro provavelmente foi redigido, em sua maior parte, durante o exílio, no século VI AC[1] .
A Bíblia de Jerusalém sustenta que o livro é posterior a Jeremias e Ezequiel, ou seja, escrito em uma época posterior ao Exílio na Babilônia, considerando provável sua composição no início do séc. V AC[2] .
A Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que a obra foi composta em várias etapas[3] :
O prólogo (1:1-2:13) e o epílogo (42:7-17), seriam um conto folclórico que originalmente narrava a paciência exemplar de um homem da terra de Us (talvez em Edom, a sudeste do Mar Morto). Este conto circulava entre os sábios do Oriente Médio de formal oral desde o fim do Segundo Milênio AC, e foi recontado em hebraico na época deSamuel, David e Salomão (sécs. XI e X AC).
Servindo-se da bem conhecida história do infeliz Jó (Ez 14:14.20), um poeta da segunda geração do Exílio na Babilônia (aprox. 575 AC) compôs o poema (3:1-31:40; 38:1-42:6).
Os discursos de Elihu (32:1-37:24), que tratam do valor educador do sofrimento, seria uma adição posterior de outro autor.
Muitos pensam que o Elogio da Sabedoria (28:1-28) seria uma adição posterior.
Existem duas teorias acerca da temática central do livro de Jó. A primeira teoria diz que o tema central do livro de Jó não é o problema do mal, nem o sofrimento do justo e inocente, e muito menos o da "paciência de Jó", mas a natureza da relação entre o homem e Deus, em oposição à teologia da retribuição[1] .
Já para a segunda teoria, após uma análise sistemática do livro de Jó, observa-se que Jó apesar dos contratempos que enfrentava nunca deixou de ser fiel à Deus, indo contra os conselhos de sua própria esposa (2,9-10), mantendo-se firme em sua fé mesmo após tudo que lhe aconteceu. A obediência de Jó e sua fidelidade eram inabaláveis, o que chamou a atenção do próprio Altíssimo, enquanto Jó ainda tinha bens(1,8). Contudo, para essa teoria, o ápice do livro de Jó ocorreu exatamente quando o protagonista demonstrou um sentimento de inconformismo com sua situação, queixando a Deus pelo que passava (23,2) e ainda enfatizando que ele enquanto homem era justo, se colocando à prova (23,10), tamanha certeza de sua integridade. O comportamento de Jó era incomum, foram poucos os homens que questionaram a Deus seus problemas (Abraão Gn 15:2-5, Gideão Jz 6:13, Moisés Ex 5,22, dentre outros). Após vários questionamentos inconformados de Jó como homem justo que era, Deus o respondeu pessoalmente (38,1) e lhe deu muito mais do que ele tinha no primeiro estado(42,12).
Como Jó, na época do Exílio na Babilônia, o povo de Judá tinha perdido tudo: família, propriedades, instituições e a própria liberdade, o que exigia uma revisão da teologia da retribuição[1] .
Para conseguir sua intenção, o autor usa uma antiga lenda sobre a retribuição (1,1-2,13; 42,7-17), omitindo o final (42,7-17) e substituindo-o por uma série de debates que mostram o absurdo da teologia da retribuição, incapaz de atender à nova situação (3,1-42,6)[1] .
Aspecto importante do livro é que Jó faz a sua experiência de Deus na pobreza e marginalização. A confissão final de Jó - "Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, meus olhos te vêem" (42,5) - é o ponto de chegada de todo o livro, transformando a vida do pobre em lugar da manifestação e experiência de Deus. A partir disso, podemos dizer que o livro de Jó é a proclamação de que somente o pobre é apto para fazer tal experiência e, por isso, é capaz de anunciar a presença e ação de Deus dentro da história[1] .
Cinco maneiras com as quais Deus usa as adversidades descritas em Deuteronômio 8:
a) Humilhar-nos: Jó 22.29; Dt. 8:2.
b) Testar-nos: Jó 2:3; Dt. 8:2.
c) Reorganizar nossas prioridades: Jó 42:5,6; Dt. 8:3.
d) Disciplinar-nos: Jó 5:17; Dt. 8:5.
e) Preparar-nos para as bençãos futuras: Jó 42:10; Dt. 8:7.
Crônicas de um Velho Jovem |
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