Sempre passava por lá e pensava: — Vou fazer uma apostinha. Pensava e não fazia. Ou era por falta de tempo ou pela descrença de pensar possível através de umas 'moedinhas' tornar-se milionário. A vontade de ser milionário de muitos faz com que só um seja o tal milionário.
Hoje sou milionário graças a um dia de sorte. E vou contar a você como ocorreu.
Ao passar pela minha habitual lotérica pagar as contas de cada dia, pude observar várias cenas que me chamavam atenção naquele dia mágico. Observei algumas pessoas na bancada marcando as tais apostinha. E ficava a imaginar como era a estupidez de pensar que aquelas pessoas poderiam ficar milionárias com aquela improvável probabilidade de ganhar, sim, uma minúscula probabilidade.
Olhei a fila imensa, e tive que encara-la. Uma mulher na minha frente suava e sentia o seu cheiro insuportável e aquele calor inebriante. Um senhor que também estava na fila olhava para frente impaciente, e a senhorinha da vez que nunca terminava de pagar suas contas.
Observei a minha sorte que mudaria por completo a minha existência e não entendi de imediato.
Estava pregada no balcão de vidro.
— Olhei aquele papelzinho, era um bolão. E pensei de imediato. -Só tenho o valor para o boleto e para exatamente o bolão. E a fila não andava. E a senhora suava. e o senhor fazendo comentários do calor e da demora. E eu comecei a desejar com todas as minhas forças aquele bolão. Vi que eram cinco jogos. Fiquei lendo os números e fazia relações loucas. Com a data de nascimento, minha do meu pai da minha mãe, o dia que estava para pagar meu boleto. Até o endereço da minha casa... Olhei para os carros lá fora em desespero procurando nas placas algum numero que confirmasse que deveria mesmo comprar aquele bolão.
— Nada.
Os números pareciam loucos nunca que jogaria eles. Vi de modo incrédulo que eram jogos surpresinha e um dos jogos era o um total disparate joga-lo.
— O jogo que tornou-me milionário.
E a fila não andava, o suor começava cometer as minhas mãos. Se alguém começasse me observar naquele instante, viria a minha obsessão pelo bolão. Aquela senhora com as contas intermináveis finalmente terminou e saiu. O Senhor mal humorado disse alto e em bom som:
— Até que enfim!
E andava finalmente a fila. Sai de perto da porta. lia com embaçamento nos olhos os jogos do bolão os cincos jogos e aquele jogo absurdo. Que fez me vencedor.
Falava para mim mesmo. — Ninguém compre este jogo.
O Senhor mal humorado falou para a moça. Vou levar.
Gelei, estava calor mas senti um gelo frio correr pelo pescoço.
— O sorte? Justo o jogo que queria!
E observando atentamente a conversa, a moça que atende disse:
— São tantos e falta o valor Senhor.
— Como assim? Disse o Senhor mal humor.
— Falta o valor Senhor.
— Não vou levar então fica para outro. Ele olhou para os números e disse.
— Ia ser dinheiro jogado fora, nunca que cairá estes números. Nem na surpresinha poderia ocorrer jogos tão absurdos.
Fui o próximo. Paguei meu boleto, e confesso titubeei, queria comprar um sorvete, e o troco daria para refrescar meu corpo. Estava cansado, o calor deixou-me com a garganta seca. Comprei, ganhei.
Dois anos depois passeava por uma cidade do interior, onde comprei vários imóveis e morava de modo anônimo.
Vi na rua um cachorro vira-lata.
Olhei varias vezes como ele agia. Corria e procurava por comida. Não dei muita importância naquele momento. Mas depois que cheguei em casa veio-me um momento de compaixão. Poderia eu dar uma casa a ele? Falei com o meu motorista, contei sobre o cachorrinho. Ele riu, disfarçou mas vi que riu.
Foi procurar, e eu fiquei tão ansioso, quanto ao dia que fui ao banco com o meu bilhete premiado.
— Não encontrei.
— Como assim não encontrou. Me leve, certamente ele esta por lá, é um vira-lata de rua.
Entrei na padaria, onde vi o cachorrinho tentando virar uma lata para saciar a fome.
— Pobrezinho do Pingo. Disse o padeiro. Morreu ontem atropelado. foi ontem a tarde, vivia por aqui, não gostava muito da ideia de um cachorro de rua de perto do meu comercio, mas mesmo assim, não me incomodava com ele. Até tinha certa feição por ele. Morreu ontem. Pobrezinho.
Voltei triste e pensativo. — Que bobagem, posso comprar um cachorro de raça adestra-lo e fazer um canil pra ele digno de um príncipe árabe. Mas confesso que um instante que titubeei perdi de ter dado um fim melhor para aquele cão. Nunca mais quis ter animais de estimação...
Escrito em Fevereiro de 2017 por Waldryano
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