14.5.25

O Último Dia de Um Psicólogo no Futuro

O Último Dia de Um Psicólogo no Futuro

Em um mundo onde a tecnologia permeia cada aspecto da vida, os psicólogos se transformaram em mais do que meros ouvintes; tornamos-se guias na complexa rede de emoções humanas mediadas por algoritmos. Elias Santoro, um renomado psicólogo, começou seu dia em uma cidade vibrante, repleta de edifícios de vidro que refletiam o céu azul artificial gerado por drones climáticos.

A Chegada do Dia

Elias despertou em seu apartamento, um espaço minimalista adornado com telas holográficas que projetavam imagens de natureza intocadas. Era um contraste gritante com a realidade urbana que o cercava. Ele se pronunciou, sentindo a leve pressão de um dispositivo neural implantado em sua pora, que monitorava seus níveis de estresse e felicidade. A tecnologia, que antes era uma ferramenta, agora era parte integrante da própria identidade humana.

Ao preparar seu café sintético, Elias refletiu sobre a evolução de sua profissão. O que antes era um campo de escuta e empatia agora se tornará uma dança complexa entre a mente humana e a inteligência artificial. Os pacientes podiam, com um toque de um botão, acessar a terapia virtual, mas muitos ainda buscavam a conexão humana — uma contradição fascinante.

O Primeiro Paciente

Seu primeiro paciente do dia era Mara, uma artista que lutava contra a ansiedade em um mundo que produzia produtividade constante. Ao entrar no consultório, Mara exibia um sorriso nervoso, suas emoções capturadas por sensores que mapeavam sua expressão facial. Elias a cumprimentou, mas o diálogo inicial foi mediado por um holograma que analisava suas palavras e tom de voz.

“Como você se sente hoje, Mara?” Perguntou Elias, enquanto o holograma processava dados em tempo real.

“Melhor, mas ainda sinto que estou lutando contra um mar de expectativas”, respondeu ela, sua voz trêmula.

Elias sabia que, por trás das palavras, havia um turbilhão de memórias e traumas. Ele iniciou um guia através de uma técnica conhecida como "Imersão Emocional", onde as memórias eram visualizadas em um espaço virtual, permitindo que os pacientes enfrentassem seus medos sem as limitações do corpo físico. Enquanto Mara navegava por suas lembranças, Elias refletia sobre a natureza da dor humana. A tecnologia pode ajudar, mas a essência da experiência humana permanente.

A Pausa para Reflexão

Após a sessão, Elias fez uma pausa em seu terraço, contemplando a cidade abaixo. O céu estava tingido de laranja, um efeito causado pela poluição controlada. Ele se perguntou sobre o futuro da terapia. Poderíamos, algum dia, entender completamente a mente humana? Ou a complexidade da emoção sempre escaparia a qualquer algoritmo?

A tecnologia, embora avançada, não consegue capturar a profundidade da conexão humana. Elias pensou em como ele mesmo se tornaria dependente de dispositivos para entender seus pacientes. O paradoxo o incomodava — ele, um psicólogo que confiava em máquinas para decifrar o que era intrinsecamente humano.

O Último Paciente

O dia avançou e seu último paciente, Lucas, um jovem que se sentiu deslocado em um mundo de conexões digitais, entrou na sala. Lucas falou com fervor sobre sua luta para encontrar danos em um espaço saturado de superficialidade. A conversa fluiu, mais fluida do que a anterior, talvez porque Lucas não usava dispositivos de monitoramento. Era apenas ele e Elias, dois seres humanos tentando entender.

“Às vezes, sinto que as pessoas ao meu redor não são reais, apenas avatares de uma vida que não é minha”, disse Lucas, sua voz carregada de desespero.

Elias sentiu a profundidade da solidão em suas palavras. Ele se lembra de que, mesmo em um mundo futurista, a verdade da experiência humana — o amor, a dor, a busca por significado — permanência intacta. No fundo, era isso que o tornava um psicólogo: a capacidade de ouvir, de tocar a alma do outro.

O Encerramento

Ao final do dia, Elias saiu de seu consultório e caminhou pelas ruas iluminadas por hologramas. Ele pensou sobre o que o futuro reservava para a psicologia. A tecnologia continuaria a avançar, mas a busca pela conexão humana era atemporal. Em um mundo onde tudo poderia ser simulado, as consequências das emoções humanas ainda eram as mais valiosas das experiências.

Elias sorriu, sentindo-se renovado. Embora seu dia tivesse terminado, a jornada de compreensão da mente humana estava longe de acabar. Ele era, e sempre seria, um defensor da complexidade da alma humana, mesmo em meio a um mar de algoritmos.



Nenhum comentário:

Bolsonaro Preso

Já faz tempo que vivemos em uma distopia chamada Brasil. Aqui na minha cidade, as duas maiores fábricas implementaram férias coletivas e red...