Ela parou o carro estava decidida
Era madrugada
Estava só
Como sempre só
Olhou para a ponte de longe
Seria uma pequena caminhada
Até chegar ao seu destino
A morte
Estava decidida
Nada parecia fazer mais sentido
Iria tirar lhe a vida
A ideia era simples, se jogar na ponte a queda de uns 10 metros e o rio com uma correnteza cheia de pedras era o suficiente para trazer um alívio ao seu sofrimento
Coisas de criança lhe passou naquele instante
Algum momento quis ser equilibrista
E seria minha última tentativa...
Subi naquela passarela
Torcia que aparecesse alguém
Para me repor o juízo
Era só eu e a Lua
Senti medo
Quase cai de modo bobo
Não!
Quero chegar no meio
E fazer o meu fim como desenhei
Equilibrar-me fará
Ser mais emocionante
Do que importa a emoção?
Minha mão agora esta reta
Ando feito um pêndulo
Tentando me equilibrar
Para dentro da ponte
Vejo tentar recomeçar
Aprender novamente amar
No meio desta passarela
Sinto me igual uma ginasta olímpica, concentrada
É a minha vida que esta em jogo
Olho pra baixo, a morte logo ali
O vento e o frio me faz querer pular
Do que importa tanto teatro?
Só se jogar e pronto esta feito
Dou um, dois, três passos
Olho para frente
Quase chegando ao meu destino
Sinto calafrios
Meu fim bem próximo
A madrugada é a minha última visão da vida
Equilibrar
Vai garota equilibra!
Confesso quase cai,
Mas realizei meu devaneio
Louco
Cheguei no meio daquela ponte
E fiz a melhor escolha: A vida
Não tive coragem
Nem sei se seria corajosa
De fazer;
Minha mãe sofrer
Meu pai sofrer
Minha filha sofrer
Meus problemas
Quem não os tem?
No meio daquela ponte
Eu sorri e vivi
O prólogo seria este;
Decidida
Já lá no meio
Fiz todos os cálculos absurdos
E estava pronta
Só Deus sabe como estava pronta
De repente surgiu um farol
Uma luz do nada
A salvadora
Desceu uma velha senhora
Parecia-me Deus
Perguntou o que estava fazendo
Ela viu meu choro
Me abraçou
Foi uma mãe pra mim aquele abraço
Como precisava daquele abraço
Aprendi a encarar de frente os meus demônios
E equilibrar de vez
As emoções.
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