A PALMEIRA
Como é linda e verdejante
Esta palmeira gigante
Que se eleva sobre o monte!
Como seus galhos frondosos
Se elevam tão majestosos
Quase a tocar no horizonte!
Ó palmeira, eu te saúdo,
Ó tronco valente e mudo,
Da natureza expressão!
Aqui te venho ofertar
Triste canto, que soltar
Vai meu triste coração.
Sim, bem triste, que pendida
Tenho a fronte amortecida,
Do pesar acabrunhada!
Sofro os rigores da sorte,
Das desgraças a mais forte
Nesta vida amargurada!
Como tu amas a terra
Que tua raiz encerra,
Com profunda discrição;
Também amei da donzela
Sua imagem meiga e bela,
Que alentava o coração.
Como ao brilho purpurino
Do crepúsculo matutino
Da manhã o doce albor;
Também amei com loucura
Essa alma toda ternura
Dei-lhe todo o meu amor!
Amei!... mas negra traição
Perverteu o coração
Dessa imagem da candura!
Sofri então dor cruel,
Sorvi da desgraça o fel,
Sorvi tragos da amargura!
......................................
Adeus, palmeira! ao cantor
Guarda o segredo de amor;
Sim, cala os segredos meus!
Não reveles o meu canto
Esconde em ti o meu pranto
Adeus, ó palmeira!... adeus!.
A primeira poesia de Machado de Assis a ser publicado, o Jornal em que foi publicado foi o "Marmota" no dia 06 de Janeiro de 1855. Abaixo uma ilustração do Machado de Assis feita por mim (Waldryano) a original encontra-se no site pixabay.
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