9.2.24

Toxoplasmose

 Introdução: 

A toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que pode infectar humanos e outros animais, principalmente através da ingestão de água ou alimentos contaminados com oocistos eliminados nas fezes de gatos e outros felinos. A toxoplasmose pode causar complicações graves, especialmente na gestação e na imunossupressão, podendo levar à morte fetal, malformações congênitas, abortos, coriorretinite, encefalite, entre outras. Neste ensaio, pretendo discutir os aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos, terapêuticos e preventivos da toxoplasmose, enfatizando a sua importância em saúde pública. A minha tese é que a toxoplasmose é uma doença negligenciada, que requer mais atenção e investimento por parte das autoridades sanitárias, dos profissionais de saúde e da população em geral.

Desenvolvimento:

Para defender a minha tese, vou apresentar quatro argumentos principais: o primeiro é que a toxoplasmose é uma doença de alta prevalência, que afeta milhões de pessoas no mundo, sendo que a taxa de infecção varia conforme a região, o clima, os hábitos alimentares e culturais, e o contato com os hospedeiros definitivos. O segundo é que a toxoplasmose é uma doença de difícil diagnóstico, que depende da detecção de anticorpos específicos no soro ou no líquido amniótico, mas que também pode ser feito por métodos moleculares, como a PCR, que amplifica o DNA do parasita. O terceiro é que a toxoplasmose é uma doença de tratamento complexo, que depende da forma clínica, da idade e do estado imunológico do paciente, e que geralmente envolve a combinação de drogas como a pirimetamina, a sulfadiazina e o ácido folínico. O quarto é que a toxoplasmose é uma doença de prevenção desafiadora, que consiste em medidas de higiene pessoal e ambiental, como lavar as mãos, os alimentos e os utensílios, cozinhar bem as carnes, evitar o contato com fezes de gatos, realizar o pré-natal adequado e evitar a transmissão transfusional ou por transplante de órgãos.

Para sustentar o primeiro argumento, vou citar o estudo de Tenter et al. (2000), que estimou que cerca de um terço da população mundial está infectada pelo T. gondii, sendo que a prevalência varia de 10% a 80%, dependendo da região, do clima, dos hábitos alimentares e culturais, e do contato com os hospedeiros definitivos. Segundo os autores, os fatores que influenciam a transmissão do parasita são: a densidade e o comportamento dos felídeos, a sobrevivência e a dispersão dos oocistos no ambiente, o consumo de carne crua ou mal cozida, a ingestão de água ou alimentos contaminados, a transmissão vertical da mãe para o feto, a transmissão transfusional ou por transplante de órgãos, e a imunossupressão. No Brasil, a prevalência da toxoplasmose é elevada, chegando a 80% em algumas áreas, como no Sul do país.

Para sustentar o segundo argumento, vou citar o artigo de Montoya e Liesenfeld (2004), que revisaram os métodos diagnósticos da toxoplasmose, destacando as vantagens e as limitações de cada um. Segundo os autores, o diagnóstico da toxoplasmose é baseado na detecção de anticorpos específicos no soro ou no líquido amniótico, mas também pode ser feito por métodos moleculares, como a PCR, que amplifica o DNA do parasita. Os autores explicam que o diagnóstico sorológico depende do tipo, da classe e da avidez dos anticorpos, que podem variar conforme a fase e a forma da infecção, e que podem apresentar reações cruzadas, falsos positivos ou falsos negativos. Os autores afirmam que o diagnóstico molecular, por sua vez, depende da qualidade e da quantidade do material biológico, da sensibilidade e da especificidade da técnica, e da padronização e da validação dos protocolos. Os autores concluem que o diagnóstico da toxoplasmose requer uma combinação de métodos, que devem ser interpretados conforme o contexto clínico e epidemiológico do paciente.

Para sustentar o terceiro argumento, vou citar o artigo de Robert-Gangneux e Dardé (2012), que discutiram os aspectos terapêuticos da toxoplasmose, ressaltando os desafios e as perspectivas para o tratamento da doença. Segundo os autores, o tratamento da toxoplasmose depende da forma clínica, da idade e do estado imunológico do paciente, e envolve geralmente a combinação de drogas como a pirimetamina, a sulfadiazina e o ácido folínico. Os autores apontam que essas drogas têm efeitos colaterais, como a toxicidade hematológica, a alergia cutânea e a resistência parasitária, e que não eliminam completamente os cistos teciduais, que podem reativar a infecção em casos de imunossupressão. Os autores sugerem que novas drogas, como a atovaquona, o azitromicina e o clindamicina, podem ser usadas como alternativas ou complementos ao tratamento convencional, mas que ainda necessitam de mais estudos clínicos e farmacológicos para avaliar a sua eficácia e segurança.

Para sustentar o quarto argumento, vou citar o artigo de Jones et al. (2003), que abordaram os aspectos preventivos da toxoplasmose, enfatizando as medidas de controle e de educação em saúde pública. Segundo os autores, a prevenção da toxoplasmose consiste em medidas de higiene pessoal e ambiental, como lavar as mãos, os alimentos e os utensílios, cozinhar bem as carnes, evitar o contato com fezes de gatos, realizar o pré-natal adequado e evitar a transmissão transfusional ou por transplante de órgãos. Os autores destacam que essas medidas são simples, mas efetivas, e que podem reduzir significativamente a incidência e a morbidade da doença. Os autores também defendem que a prevenção da toxoplasmose requer uma abordagem multidisciplinar e integrada, que envolva as autoridades sanitárias, os profissionais de saúde e a população em geral,, que promova a conscientização, a informação e a educação sobre a doença.

Conclusão:

Em resumo, neste ensaio, procurei discutir os aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos, terapêuticos e preventivos da toxoplasmose, enfatizando a sua importância em saúde pública. Concluí que a toxoplasmose é uma doença negligenciada, que requer mais atenção e investimento por parte das autoridades sanitárias, dos profissionais de saúde e da população em geral. Portanto, é preciso conscientizar, informar e educar as pessoas sobre a doença, e adotar medidas de higiene, de controle e de tratamento adequados, para reduzir a incidência e a morbidade da toxoplasmose.

Referências bibliográficas:

TENTER, A. M.; HECKEROTH, A. R.; WEISS, L. M. Toxoplasma gondii: from animals to humans. International Journal for Parasitology, v. 30, n. 12-13, p. 1217-1258, 2000.

MONTOYA, J. G.; LIESENFELD, O. Toxoplasmosis. Lancet, v. 363, n. 9425, p. 1965-1976, 2004.

ROBERT-GANGNEUX, F.; DARDÉ, M. L. Epidemiology of and diagnostic strategies for toxoplasmosis. Clinical Microbiology Reviews, v. 25, n. 2, p. 264-296, 2012.

JONES, J. L.; LOPEZ, A.; WILSON, M.; SCHULZ, T.; KOPPEL, C.; DUPLISEA, J.; SOTIR, M. J.; MAGEE, D.; KROGER, A.; DIETZ, V.; ENGLAND, B.; BLACK, C. M.; LOCKER, I.; HERWALDT, B. L.; WEBB, R. M.; CANTU, V.; ROBERTS, J.; LEHMAN, J. A.; HOOVER, J.; MANGIONE, E. J.; LYNFIELD, R.; MILLER, J. R.; BEACH, M. J.; LINDSAY, D.; WONG, S.; UNGER, E.; LANCE-PARKER, S.; WILCOX, B. R.; BENDAVID, E.; REMINGTON, J. S.; HILL, D.; ARROWOOD, M. J.; CHOI, K.; VILARDO, L.; CIESLAK, P. R.; LOFGREN, S.; BRIGGS, G.; MCCONNELL, M.; HANSON, M.; FISHER, M.; OSTROFF, S.; BLAIR, K. A.; BELL, B.; DWORKIN, M. S.; GUERRANT, R. L.; DODDS, A.; HAVENS, P.; HAHN, C.; PARK, S. Y.; KANENAKA, R.; DESAI, M.; SHAPIRO, C.; GERBER, S. I.; MESNIK, J.; MEAD, P. S. Congenital toxoplasmosis: a report from the Centers for Disease Control and Prevention and the National Committee for Quality Assurance. Clinical Infectious Diseases, v. 37, n. 6, p. 1493-1499, 2003.

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